O que não te contaram sobre: Aborto x Estupro.
Luana Serena Zielinievicz
Assessora de Relacionamento e Redes Sociais
Após me debruçar em cima de algumas referências bibliográficas referente ao aborto, passar alguns dias escrevendo e pesquisando sobre o assunto, eis que decido trazer algumas informações referente ao aborto e ao estupro. Principalmente, aquilo que não te contam sobre.
Já ouvimos a pergunta: "Como podemos negar o direito ao aborto para uma menina de 11 anos vítima de estupro?" Quem defende a vida já se deparou com esse questionamento várias vezes.
Infelizmente, muitas vezes as vozes das vítimas de estupro são ignoradas no debate sobre aborto. São elas que mais deveriam ser ouvidas nessa discussão.
No entanto, a questão da gravidez resultante de estupro não é tão simples de ser entendida. Muitas vezes, assume-se que as mulheres que engravidam devido à violência sexual desejam fazer um aborto para ajudar a superar o trauma. E assim, quem defende a vida se vê em uma posição desconfortável ao argumentar que a inviolabilidade da vida humana é "mais importante" do que as necessidades da vítima de violência sexual.
Porém, a verdade é que o bem-estar da mãe e da criança nunca são opostos, mesmo em casos de violência sexual. Ambos merecem apoio para preservarem suas vidas, sem perpetuar a violência.
O problema é que as experiências reais das vítimas de abuso sexual que engravidaram são sistematicamente ignoradas no debate sobre aborto em casos de estupro. Assim, a maioria das pessoas forma suas opiniões baseadas em preconceitos e medos desconectados da realidade.
Por exemplo, é comum assumir que as vítimas de estupro que engravidam naturalmente querem fazer um aborto. No entanto, um estudo significativo conduzido pela Dra. Sandra Mahkorn descobriu que entre 75% e 85% dessas mulheres optaram por não abortar. Esse dado deveria fazer as pessoas refletirem sobre a suposição de que o aborto é "desejado" pelas vítimas de violência sexual ou se é realmente a melhor opção para elas.
Existem muitas razões para não abortar. Cerca de 70% das mulheres acreditam que o aborto é moralmente errado, mesmo que considerem que deve ser uma escolha legal para outras mulheres. O mesmo percentual de mulheres que engravidaram após um estupro acredita que o aborto seria apenas mais um ato de violência contra seus corpos e seus filhos.
Em segundo lugar, algumas mulheres acreditam que a vida de seu bebê pode ter um propósito ou significado intrínseco que elas ainda não compreendem. Embora o bebê tenha sido concebido através de um ato horrendo e repugnante, Deus possa utilizar essa criança para um propósito maior. O bem pode surgir do mal.
Em terceiro lugar, muitas vítimas de violência sexual se tornam introspectivas e passam a valorizar ainda mais a vida. Elas foram vítimas de uma violência extrema, e a ideia de prejudicar seu próprio filho inocente através do aborto é repugnante para elas.
Em quarto lugar, mesmo que de forma inconsciente, a vítima pode perceber que, ao passar pela gravidez, ela conseguirá superar o estupro. Ao dar à luz, ela pode recuperar um pouco da autoestima perdida. Ter um filho, especialmente quando a concepção não foi planejada, é um ato de generosidade, coragem, força e honra. É uma prova de que a vítima é superior ao estuprador. Ele agiu de forma egoísta, enquanto ela conseguiu ser altruísta. Ele agiu destrutivamente, enquanto ela pode ser acolhedora.
Se dar à luz pode elevar a autoestima dessa maneira, o que podemos dizer sobre o aborto? A maioria das pessoas nem sequer considera essa pergunta. Em vez disso, muitos supõem que o aborto ajudará a vítima de estupro a esquecer o trauma e seguir em frente. No entanto, quando as pessoas chegam a essa conclusão, estão aderindo a uma visão irrealista do aborto.
O aborto não é uma solução mágica que desfaz a concepção e apaga o passado. É um evento real, doloroso e traumático. Quando reconhecemos que o aborto tem consequências na vida de uma mulher, devemos olhar atentamente para as circunstâncias específicas da mulher que engravidou após um estupro. O aborto realmente trará consolo para ela ou apenas causará mais danos à sua mente já traumatizada?
Para responder a essa pergunta, é necessário abordar a conexão entre o aborto e o estupro. Muitas mulheres consideram o aborto como uma forma de estupro médico, brutal e degradante. Isso ocorre porque, durante o procedimento, o médico examina os órgãos sexuais da mulher de maneira dolorosa e invade seu corpo. Na mesa cirúrgica, ela perde completamente o controle sobre seu próprio corpo e, se mudar de ideia, é provável que suas vontades sejam ignoradas. Durante o procedimento, a vida que está dentro do útero é literalmente sugada. Essa experiência pode ser traumática para mulheres que já sofreram algum tipo de abuso sexual, mesmo que não tenha sido um estupro.
Depois de passar por um aborto, muitas mulheres podem sentir culpa, depressão e aquilo pode assombra-la pelo resto da vida - sentimentos que também são comuns após um estupro. Ao invés de aliviar o trauma, o aborto pode intensificar esses sentimentos. Infelizmente, muitos profissionais incentivam o aborto como uma solução para tentar resolver o problema, em vez de lidar com as reais necessidades emocionais, sociais e financeiras da mulher.
Santa Teresa de Calcutá dizia: “Se nós aceitamos que uma mãe possa matar o seu próprio filho, como podemos dizer às outras pessoas para não se matarem?” – Mesmo em situações dramáticas, o aborto é uma prática intolerável. Nenhum crime, por mais terrível que tenha sido, pode justificar o assassinato de um bebê no ventre materno.