Encontro com a Pati
Data de publicação: 30 de setembro de 2023

O “peso” do poder e a visão da política na sociedade

Patrícia K. Loeser Marcon

Administradora de Empresas

@pkloeser


Em muitos momentos, principalmente após uma vitória em uma eleição, os políticos eleitos são inundados de afirmações de que agora a vida ficará fácil. Que é maravilhoso, você não “trabalhará” mais e viverá uma vida de benesses e conquistas sem fim. (Apenas para contextualizar, neste texto estamos a explorar sobre os políticos honestos, que sim, são minoria, mas existem.)


O tempo passa e o político passa a questionar essas pessoas, se elas gostariam de entrar para esse mundo para ajudar a mudar as coisas de dentro pra fora, pois já que é tão maravilhoso, não há motivos para negar. A resposta é, 99% das vezes, “jamais”. Por quê? Se ser político é tão maravilhoso, incrível?


Confesso que ainda não encontrei uma resposta certeira para esta pergunta. Acredito que muitos temem os perigos de se expor, de ter suas opiniões colocadas à prova de outras pessoas, ser odiado por muitas delas... Afinal um de nossos objetivos de vida é nos sentir “aceitos”. Ora, isso é uma enorme bobagem, pois quando trazemos essas inseguranças para o racional percebemos que isso é impossível. Não há a menor possibilidade de agradar a todos, pelo menos jamais sem sacrificar boa parte de sua essência no processo.


Outra teoria que surge pra mim é a “síndrome do impostor” que muitos de nós sentimos sem nem perceber. Quando vou ao plenário e observo alguns deputados discursando, vejo que inúmeras pessoas que eu conheço seriam muito mais “capacitadas” para estar ali, com mais conhecimento e experiência, por exemplo. Sabe a diferença entre elas? A que está lá, tentou.


Claro que isso é uma mudança recente, e muito proporcionada pelas redes sociais (porque será que a velha política busca tanto acabar com elas em nosso país?), que permite aos eleitores uma aproximação maior com seu candidato e uma possibilidade maior de conhecer mais esse político, que passa a aparecer todos os dias e não apenas de quatro em quatro anos como antigamente. Outro ponto é o aumento do conhecimento político de nossa população. Há alguns anos atrás você nunca ouviria conversas de bar sobre o STF, era apenas sobre a escalação da seleção brasileira. Isso é um avanço e tanto.


A verdade é que sim, a vida política é muitas vezes glamourizada. Se estás indo na direção de que seus eleitores aprovam, podes esperar muitas congratulações e abraços afetuosos. Ainda mais com o advento das redes sociais e o paradigma (que tentamos quebrar) de que um político é um cargo diferenciado, que ele é um ser especial. No fim ele é um ser humano cheio de defeitos tentando fazer algo, é um funcionário seu, que você escolheu e te deve satisfações de seus feitos.


Conseguir o meio do caminho entre tomar suas próprias decisões, baseadas em seus valores e conhecimento, e ao mesmo tempo saber ler o que seu eleitor quer (afinal, um político está ali para representar seus eleitores) é uma balança que nem sempre é tão óbvia quanto parece. Isso atormenta políticos que buscam ser o mais justos possível em seus mandatos e é um dos maiores desafios de quem quer representar bem seu eleitor.


 Portanto, ser um “bom político” não é um mar de rosas, com certeza exige muita vontade de fazer o certo, muita resiliência e um senso de propósito gigante. Mas com certeza não é impossível nem exige habilidades super-humanas, porém, o principal pré-requisito é que se a vontade for apenas cumprir objetivos pessoais, sinto em lhe dizer, mas esse não é o melhor caminho a ser escolhido.