A Mão Invisível
Data de publicação: 02 de outubro de 2023

A queda da SELIC subiu no telhado?

Carlos Eduardo Biasuz

Orçamento, Economia e Relações Governamentais

Economista


"O Brasil é o paraíso dos rentistas e o inferno dos empreendedores"


O Governo Lula parece ter sofrido o seu primeiro revés econômico. Desde o início do ano, os juros vinham causando uma pressão de baixa na atividade econômica e na inflação futura. No entanto, alguns fatores alteraram um cenário que parecia óbvio. A mudança de trajetória nas expectativas ocorre pela gastança desejada no Palácio do Planalto. Nos últimos meses, materializou-se o risco do Governo não conseguir cumprir com a meta fiscal, e este é precisamente o fator responsável pelo sinal de alerta ligado no Banco Central.


A projeção de inflação do Bacen para 2024 continua acima da meta - 3%. A propensão de gastar do Governo Federal e o consequente risco de não cumprimento da meta fiscal eleva o nível de incerteza para o próximo ano, causando uma pressão altista nas expectativas de inflação e dificultando a queda da taxa livre de risco da economia.


Olhando os juros reais, NTN-B longa, 30 anos, percebemos que as taxas estão negociando em torno da média histórica de 5,80% + IPCA. Diante disto, os agentes econômicos não estão otimistas com a capacidade do Governo Federal de entregar os resultados prometidos. Caso contrário, estas taxas reais estariam em níveis menores do que a média histórica. A percepção sobre o risco fiscal tornou-se a pedra no sapato dos investidores. O resultado das contas públicas vem piorando mês a mês. Ao mesmo tempo, o Ministério da Fazenda, inerte, se exime em demonstrar como o governo central chegará ao resultado prometido.


A queda de 50 pontos base da última reunião do Copom é um alerta para o futuro da economia. A visão de acelerar os cortes da taxa SELIC foi deixada de lado por um viés mais conservador que predomina no Bacen. Tudo isso emana de uma tempestade criada por Lula III para se permitir cumprir com promessas eleitoreiras. Infelizmente, o monstro do juro real alto, contas públicas no vermelho e inflação foi acordado!