O Privilégio de Ser uma Mulher
Data de publicação: 17 de abril de 2024

A Dama De Ferro

Tassiane P. Tasso

Assessora Executiva-Administrativa e de Imprensa


É muito comum que, ao nos depararmos com algum material ou propaganda femista, acabemos sendo apresentados a alguns dos ícones do movimento, as suas “heroínas”. Internacionalmente, nomes como Simone de Beauvoir e Frida Kahlo são provavelmente os mais conhecidos. Minha ideia, porém, não é falar de nenhuma delas – não neste momento, ao menos.


Hoje, caros leitores, eu gostaria de tentar começar a apresentar alguns exemplos de mulheres frontalmente opostos a esse tipo de ícone feminista, e especificamente com foco na política. Nesta área a esquerda brasileira costuma eleger a ex-Presidente Dilma Rousseff como principal exemplo.


A figura de Dilma obviamente dispensa comentários quando se trata de ser um exemplo de alguma coisa – com a exceção da ímpar capacidade de cometer gafes e ser uma fonte inesgotável de piadas prontas. Teríamos a história da Princesa Isabel para explorar como uma verdadeira inspiração, por exemplo. Mas um texto dedicado a ela ficará mais para o futuro, pois pretendo escrevê-lo com mais calma e carinho, em respeito à sua grandeza.


Então, já que no início do texto citei nomes internacionais, vamos sair das terras brasileiras em busca de um bom exemplo do mundo político a ser mostrado. Cruzando o Atlântico em direção à Europa, é nas Ilhas Britânicas que podemos encontrar o exemplo mais conhecido de mulher forte, historicamente reconhecida por sua grandeza – uma verdadeira mulher “empoderada”.


Quero tratar brevemente hoje da trajetória de uma mulher cujo apelido simboliza perfeitamente o tamanho da força de seu legado: a Dama de Ferro, Margareth Thatcher.


A ascensão de Thatcher ao poder em 1979 transformou a política britânica. Como primeira mulher Primeira-Ministra do Reino Unido, ela quebrou todas as barreiras e se tornou um verdadeiro símbolo de força para as mulheres, com um estilo de liderança marcado por uma convicção inabalável, assim como por sua inteligência e determinação.


Ela foi a responsável por bater de frente com uma estrutura econômica estagnada, engessada pela excessiva estatização e burocratização no país. Ao implementar uma série de reformas baseadas na responsabilidade individual nos princípios do livre mercado, com o objetivo de desregulamentar os mercados, privatizar estatais e reduzir o papel do governo na economia, Thatcher conseguiu revitalizar a cambaleante economia da Grã-Bretanha.


As pressões contrárias à Dama de Ferro foram inúmeras, mas a britânica sempre manteve-se tão firme e resistente como o metal que qualifica sua personalidade. Confrontos com os sindicatos do país provocaram intensas divisões sociais e políticas, mas a postura inabalável perante às pressões da Primeira-Ministra rendeu-lhe admiração.


Ainda mais característica de seu apelido foi a sua postura com respeito à Guerra das Malvinas, travada em 1982. A forma  resoluta pela qual Thatcher lidou com a Argentina no conflito resultou  na recuperação das Ilhas Malvinas da ocupação argentina, reforçando a sua imagem como uma líder forte e decisiva no cenário mundial.


O grande e duradouro legado de Thatcher, porém, foi no campo ideológico mundial. A sua ênfase na liberdade e responsabilidade pessoal e no livre mercado revitalizou o liberalismo e o conservadorismo não somente na Grã-Bretanha, mas no mundo todo. O impacto da Dama de Ferro perdura até hoje, portanto, firme como o ferro que sustenta e nomeia sua reputação.


Nós mulheres precisamos nos inspirar em mulheres fortes e determinadas como Thatcher: alguém que, apesar das inúmeras críticas e pressões, sempre seguiu de cabeça erguida, lutando e nunca se vitimizando.